1. Marcelo Rubens Paiva, autor do livro autobiográfico “Ainda Estou Aqui”, que originou o filme estrelado por Fernanda Torres que está concorrendo ao Oscar 2025, ficou tetraplégico aos 20 anos após bater a cabeça no fundo de um lago raso. Além do mergulho em águas rasas, quais as outras causas possíveis do trauma raquimedular, como o que ele sofreu?
O trauma raquimedular (TRM) é um dano causado na região óssea da coluna ou discos intervertebrais ou estruturas ligamentares da coluna. O dano pode afetar ou não a função da medula espinhal, que em caso de lesão pode gerar perda de força e sensibilidade abaixo do ponto machucado.
As causas de TRM são acidentes (como mergulho em águas rasas, quedas de altura, acidentes com veículos e em esporte físico, e agressão física com trauma direto à coluna.
O mergulho em águas rasas causa típica lesão em coluna cervical, pois é decorrente da colisão do rosto com o fundo da piscina ou rio, causando hiperextensão da região cervical.
As quedas em pé, por outro lado, causam típica lesão da coluna tóraco-lombar, região compreendida entre T11-12-L1-2, ponto de transição entre a cifose torácica e a lordose lombar.
2. Quais exames são necessários para avaliar a extensão do dano na medula espinhal?
Imagens ósseas como a tomografia e as radiografias permitem avaliar fraturas e desalinhamentos. A lesão da medula é avaliada através da ressonância magnética.
3. Quais complicações podem ser decorrentes do trauma raquimedular?
O TRM quando afeta os elementos estabilizadores da coluna (fraturas, lesões de disco e ligamentos) pode gerar dor, desalinhamentos e deformidades como cifose e escoliose.
Se o dano machucar a medula, pode acarretar perda de força, sensibilidade e controle dos esfíncteres (urina e intestino), abaixo do ponto lesionado. Exemplo: TRM cervical pode tirar toda sensibilidade e força dos braços, tronco e pernas, enquanto um trauma na coluna torácica ao nível do umbigo, gera perda de força e sensibilidade nas pernas.
4. A intervenção cirúrgica é sempre indicada para casos do tipo? Quais tratamentos existem para melhorar a qualidade de vida do paciente após o trauma?
Traumas menores que não geram instabilidade ou deformidades e não comprimem a medula, não necessitam de cirurgia. O tratamento consiste em imobilização com órteses, analgesia, período de repouso seguido de reabilitação física.
Os traumas graves, que geram qualquer grau de instabilidade (desvios ou deformidades) ou lesão neurológica, necessitam de cirurgia para estabilização (placas e parafusos) e/ou descompressão neurológica para dar espaço para região apertada pelo trauma.