Especialista aponta impactos positivos e cuidados com o uso da inteligência artificial para UX designers

A Inteligência Artificial (IA) está provocando a maior revolução da história na carreira de UX designer, profissional que atua para facilitar o uso de ferramentas digitais, a partir de elementos visuais e estudo do público-alvo. Essa é a avaliação de Guilherme Lessa, Sênior UX designer na The Boston Consulting Group e com MBA em UX Research, Search Operations & Leadership in DesignMaster.

Segundo ele, essa grande mudança está acontecendo por diversos fatores. Um deles é que a IA automatizou tarefas repetitivas (criação de wireframes, protótipos e análises básicas de usabilidade). Isso permite aos designers estarem mais concentrados em aspectos estratégicos e criativos, o que alterou profundamente o fluxo de trabalho.

Outra mudança apontada pelo especialista é o uso da inteligência artificial para criar experiências altamente personalizadas para cada usuário, alterando o foco do design de “soluções para grupos” para “soluções individualizadas”.

Mais um ponto destacado por Lessa é a introdução de interfaces baseadas em IA, como chatbots, assistentes de voz e sistemas preditivos. Esse cenário criou uma nova dimensão para o design de interação, ampliando o escopo do trabalho de um UX designer.

O especialista também apontou que os designers agora podem trabalhar com grandes volumes de dados processados por IA para entender melhor os usuários. Esse aspecto possibilita tomar decisões mais embasadas e aumenta a precisão das soluções criadas, o que é fundamental para proporcionar uma boa experiência para o público-alvo.

Cuidados com o emprego da inteligência artificial

Na visão de Guilherme Lessa, é primordial que os UX designers adotem uma série de procedimentos para usar a IA de forma ética. Um deles é combater o viés algorítmico por meio da avaliação dos dados empregados para treinar os modelos de inteligência artificial, minimizando os riscos de reforçar estereótipos ou exclusões.

Outro cuidado é informar aos usuários quando há uma interação com a IA. Um exemplo disso é indicar que o chatbot é uma ferramenta automatizada. Segundo o especialista, também é essencial proteger a privacidade das pessoas.

“Para evitar problemas com as informações dos usuários, o indicado é minimizar a coleta de dados, obtendo apenas as informações necessárias para os recursos de um sistema. Também indico o uso de técnicas de anonimização para proteger a identidade dos usuários e trabalhar em conformidade com leis de privacidade, como a GDPR na Europa e a LGPD no Brasil”, detalhou.

Lessa também destaca a necessidade de desenvolver soluções baseadas em IA que sejam acessíveis para todos, principalmente para as pessoas com necessidades especiais. O especialista considera crucial o emprego de design para evitar práticas que manipulem o comportamento do usuário de forma prejudicial, como dark patterns (padrões de design enganosos).

Adaptação aos recursos de IA

Para Guilherme Lessa, é imprescindível que o UX designer invista em uma série de procedimentos para aproveitar os impactos positivos e minimizar os riscos causados pela inteligência artificial na carreira.

“Um passo muito importante é adquirir conhecimento em IA e Machine Learning. Também recomendo expandir os conhecimentos em análise de dados. Isso pode ser feito com o aprendizado de ferramentas como Google Analytics, Tableau ou linguagens como Python para trabalhar com dados brutos”, explicou.

O especialista também sugere o uso da solução User Data. Ela possibilita compreender como coletar, interpretar e transformar dados de comportamento do usuário em decisões de design.

E para os UX Designers terem uma melhor performance com a utilização da IA, Lessa indica o desenvolvimento de competências multidisciplinares, a manutenção do foco em design estratégico, o aprimoramento de soft skills e a adoção de conceitos de ética no design.

“Se não houver um foco em utilizar corretamente a IA, os UX designers sofrerão com a perda de competitividade no mercado, a redução da eficiência e a dificuldade de criar experiências personalizadas. Esses fatores aumentam o risco desse profissional ser substituído pela inteligência artificial em vez de usá-la para aprimorar os serviços”, alertou o especialista.

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