Na área da saúde, um conceito que está se destacando e mudando a maneira como os cuidados médicos são oferecidos é a humanização. Essa abordagem foca em colocar o paciente no centro do atendimento, considerando suas necessidades, valores e preferências pessoais. Além de personalizar o cuidado, a humanização busca melhorar a comunicação entre o paciente, seus familiares e os profissionais de saúde, contribuindo para uma melhor adesão do paciente às orientações e tratamentos recomendados pela equipe médica.
A Medicina Fetal é uma subespecialidade da Obstetrícia dedicada à promoção da saúde materno-fetal, com foco principal no feto, utilizando a ultrassonografia como principal ferramenta. Diferente da Radiologia, a Medicina Fetal envolve um treinamento especializado que permite ao fetólogo compreender a fisiologia fetal e suas variações além das repercussões ultrassonográficas de patologias obstétricas e clínicas da gestante. Isso possibilita que o especialista em Medicina Fetal colabore com o obstetra de maneira diferenciada para oferecer a melhor assistência possível para o binômio mãe-bebê durante a gestação.
Tradicionalmente, especialidades que dependem de exames de imagem, como a Medicina Fetal, são vistas como ramos da medicina que geram pouca proximidade com o paciente, quando comparadas a uma especialidade clínica.
Segundo Marcela Xavier, médica especialista em Medicina Fetal, essa é uma mentalidade que vem aos poucos sendo transformada. “O atendimento acolhedor durante a ultrassonografia obstétrica pode transformar a experiência da gestante e de sua família em relação aos cuidados recebidos durante a gestação. Personalizar o atendimento à gestante tem papel fundamental para a humanização na Medicina Fetal. Ao avaliar a saúde da paciente como um todo, o seu histórico familiar e explicar os objetivos do exame, criamos um ambiente de confiança e segurança” explica a médica.
Marcela destaca que práticas como mostrar e explicar as imagens projetadas na tela durante as ultrassonografias obstétricas são recursos simples que ajudam a aumentar ainda mais essa sensação de segurança. Além disso, tecnologias como o ultrassom tridimensional (3D/4D), quando disponível, também podem ser empregadas com o propósito da humanização. A imagem em 3D/4D é uma evolução do tradicional ultrassom em tons de cinza que, além dos seus benefícios técnicos, também possibilita aos pais terem uma ideia mais realista do seu bebê, fortalecendo ainda mais o vínculo da família com o bebê que está por vir.
Estudos recentes indicam que diferentes tipos de expressões faciais do feto podem ser observados por meio da ultrassonografia, sugerindo que ele já pode manifestar alguns tipos de sentimentos dentro do útero. Expressões “carrancudas” ou sorridentes, além de movimentos como o piscar dos olhos, o bocejo, a sucção e a movimentação da boca, podem refletir tanto o bom desenvolvimento neuromuscular do feto quanto sua capacidade de reagir a estímulos no ambiente uterino. Imagine a alegria de uma mãe ao observar e registrar um desses momentos únicos e encantadores!
“Realizar um exame minucioso, com atenção a todas as informações que as imagens ultrassonográficas podem revelar sobre o feto e a gestação, é sem dúvida o principal objetivo da Medicina Fetal. No entanto, é igualmente importante apresentar esses dados de maneira simples e compreensível para a paciente. Uma comunicação eficaz entre médico e paciente está profundamente vinculada à humanização da Medicina Fetal”, afirma a especialista.
Portanto, o exame ultrassonográfico obstétrico realizado por um especialista em Medicina Fetal é parte essencial do cuidado pré-natal, garantindo o bem-estar tanto do bebê quanto da mãe, contribuindo para um parto seguro e um início de vida saudável. A médica conclui explicando que, assim como a humanização do parto é cada vez mais promovida e desmistificada, também a prática dos médicos especialistas em Medicina Fetal deve ser pautada nestes mesmos princípios da humanização.