Morar em qualquer bairro de Jacarepaguá hoje significa de alguma forma viver marcado pela sombra tosca da crescente onda de violência que apavora a todos nós que temos um pouco mais de 40 anos Conhecemos uma Jacarepaguá cercada por natureza com o clima super agradável, marcado pelos fins de tardes com crianças brincando nas ruas após o dia de aula; hoje a presença do tráfico e das narco-melicias transformaram esta realidade.
O simples sair de casa pelas manhãs para ir ao trabalho caracteriza o risco de ser roubado em um ponto de ônibus lotado às 6: 00 da manhã. A violência desconhece horários, acordamos e dormimos ao som de tiros, muitas vezes de fuzil, e sons de hélices de helicópteros.
A cerca de um ano e meio moro no Pechincha e lá como na Freguesia ou Anil não diferem muito da realidade do bairro que tanto amo e guardo bons amigos, onde passei minha juventude toda (Curicica).
Taquara, Praça Seca e CDD, vivem ou melhor dizendo, hoje, sobrevivem imersas em um caos total.
Combater ao tráfico, que é a mola propulsora de toda violência, tem sido visto inicialmente uma mera medida imediatista e midiática, onde o clamor se faz pelo jargão ” bandido bom é bandido morto “. Historicamente sabemos que esta fala é ação meramente perpetua a guerrilha urbana e estamos imersos.
Se pensarmos que o combustível para a fomentação dos roubos e furtos é o tráfico, e que para cada traficante morto em média podemos pensar em minimamente mais dez jovens buscando sua “vaga ” na nefasta hierarquia do tráfico e das drogas , a conta da segurança pública nunca irá fechar com saldo positivo para a sociedade . É essencial que o poder público intensifique seus esforços e investimentos em policiamento eficaz programas sociais e educação para romper o ciclo de violência. Além disso, é preciso ouvir atentamente os relatos e demandas da comunidade, permitindo que os cidadãos se sintam parte ativa na construção de um ambiente mais seguro e acolhedor Jacarepaguá merece ser mais do que uma estatística da violência. As vidas que ali residem merecem ser vividas com plenitude e esperança, livres do peso constante do medo.
A mudança requer uma ação conjunta com políticas de segurança de curto prazo e investimento pesado na educação de base onde as crianças pelo exemplo possam construir um futuro melhor para todos.