Mulheres do Asfalto: as mães que pavimentam futuros direto dos canteiros de obra em São Paulo.

Conheça a história de três profissionais que venceram o preconceito e construíram uma carreira sólida e de sucesso na Engenharia Civil. De acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), as mulheres representam apenas 20% dos engenheiros cadastrados no Brasil. Mas temos aqui, na capital paulista, mulheres que estão não só nos canteiros de obras como também em postos de liderança. As paulistas Adriana Boggio, Valéria Cassiano e Daniela Maganin são exemplos de quem conseguiu desbravar o mercado de trabalho e conquistar seus espaços. Além da paixão pela área, as profissionais se conectam por outra característica: a maternidade. Ou melhor, os desafios de lidar com os dois papéis. Adriana Boggio, secretária adjunta de Infraestrutura e Obras da Cidade de São Paulo, é a primeira mulher a assumir o cargo. Antes, passou por canteiros de uma construtora da capital e foi superintendente da Usina de Asfalto da prefeitura da maior cidade do país. “Como assim uma mulher loira à frente de uma usina de asfalto?”, ela lembra, bem-humorada, sobre os comentários que colegas faziam a respeito. Mãe de três filhas, ela trabalhou até a véspera na construção da Praça Roosevelt, ao dar à luz a Marina, de 11 anos. Também trabalhou em obras até o fim da gestação das gêmeas Isabella e Paola, de 21 anos. A secretária conta, emocionada, que foi o pai, também engenheiro, que a incentivou a seguir a profissão. “Meu pai me dizia que eu era capaz de fazer o que quisesse, e eu passo essa lição para minhas filhas e até para as amigas delas”, conta Adriana. Assim como ela, Valéria Cassiano destaca a importância de uma rede de apoio nas conquistas de sua carreira. “Obra é uma atividade que exige muita dedicação e, se não fosse o apoio de minha mãe e do meu companheiro, não teria conseguido chegar até aqui”, explica a mãe de Juliana, de 21 anos. Valéria está à frente de uma equipe técnica majoritariamente masculina na SIURB. Fiscalizar obras e cronogramas nas escolas, na SP Obras, é a rotina da engenheira Daniela Maganin, mãe de Arthur, de 13 anos. Assim como as duas colegas, Daniela conta que, apesar da piada de mau gosto sobre peões de obra, não foi no canteiro que ela precisou elevar o tom. “Eu sempre fui respeitada nas obras. Acho muito pior as perguntas em seleções de emprego – sobre como eu iria lidar com o trabalho e a maternidade, por exemplo”, conta a engenheira. O preparo também ajudou Daniela a vencer preconceitos: além da formação em Engenharia Civil, ela se especializou em Segurança do Trabalho e em Engenharia Elétrica. Embora trabalhe sempre com capacete, bota, colete e protetor auricular, a engenheira tem uma vaidade que não abre mão. “Estar com as unhas feitas, mesmo que seja com esmalte clarinho, é essencial para mim”, revela. Mas nem tudo são pedras
Uma pesquisa realizada pelo Portal AECweb e Sienge Comunidade, em parceria com o Ecossistema Tecnológico da SoftPlan, aponta que o mercado tem se mostrado mais inclusivo quando se trata de equidade salarial, vagas e apoio à licença-maternidade. E para as mulheres que têm interesse na área, Adriana Boggio tem um recado: “Não devemos admitir abusos e desrespeito, mas com algumas pessoas o melhor é ignorar e seguir em frente”, aconselha. “As mulheres que têm interesse em fazer Engenharia, façam! Tenham coragem! Nós já desbravamos o caminho”, conclui a secretária.
Secretaria Especial de Comunicação da Prefeitura de São Paulo (Secom)

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