O bullying é constante e ser gago não é engraçado”.

O Dia Internacional de Atenção à Gagueira, realizado nesta terça (22),
visa promover a conscientização sobre o distúrbio, que ainda enfrenta
estigmas e preconceitos na sociedade.

A gagueira é um distúrbio que afeta milhões de pessoas no Brasil, e
sua compreensão é fundamental para promover a saúde e o bem-estar de
quem está enfrentando o problema. No Dia Internacional da Gagueira,
especialistas como a Dra. Cristiane Romano, fonoaudióloga e
especialista em expressividade, enfatiza a importância da comunicação
aberta sobre o tema e o impacto positivo de um tratamento adequado.
Caracterizada por interrupções no fluxo contínuo da fala, também
chamada de disfluência, a gagueira pode se manifestar na forma de
repetições de sílabas, prolongamentos de sons ou bloqueios. Embora
possa começar na infância, muitas vezes se estende para a vida adulta,
afetando a capacidade de comunicação e a autoestima das pessoas. A
Dra. Cristiane explica que o tratamento precoce é fundamental para
garantir melhores resultados e evitar que o distúrbio prejudique o
desenvolvimento pessoal e profissional.

Impactos da gagueira e a necessidade de ajuda profissional

Infelizmente, o estigma social e a falta de conhecimento sobre a
gagueira podem resultar em situações de bullying e discriminação.
“Cheguei ao meu limite. É muito difícil se sentir um estranho em meio
às pessoas, como se todos estivessem observando minha fala e
criticando cada palavra. Sei que não sou o único; muitas pessoas
sofrem com a gagueira. O bullying é constante, com termos como
‘gaguinho’ e imitações que alguns acham engraçadas, mas que, na
verdade, machucam profundamente. Só quem passa por isso conhece a dor
que tudo isso causa”, relata Henrique, que decidiu buscar ajuda
profissional após o incentivo de um amigo. A Dra. Cristiane Romano
complementa: “Muitos não percebem que é possível melhorar e, por isso,
adiam a busca por ajuda que só acontece diante das dificuldades no
mercado de trabalho ou pelo desgaste emocional pelo qual estão
passando.”

Dados recentes e a importância do tratamento

De acordo com a Associação Brasileira de Gagueira (AbraGagueira) ,
cerca de 5% da população infantil gagueja na fase inicial , mas a
maioria dos casos apresenta remissão, ou seja, pode melhorar sem
intervenção. Contudo, a Dra. Cristiane Romano alerta: “Não se pode
esperar que vai passar. Quanto antes a intervenção, maior a chance de
progresso.”
Dentre os tratamentos, a fonoaudiologia se torna essencial. A Dra.
Cristiane recomenda que crianças e adultos que enfrentam a gagueira
busquem apoio profissional para avaliação e treinamento, incluindo,
mas não se limitando a:
Exercícios de respiração e relaxamento: ajuda a controlar a ansiedade ao falar;
Acompanhamento fonoaudiológico: avaliações regulares para adaptar o
tratamento às necessidades individuais;
Grupos de apoio: oferecer um ambiente de suporte emocional e social;

Movimento pela legislação: projeto de lei da Abragagueira

No Senado o projeto de lei proposto pela Associação Brasileira de
Gagueira – Abragagueira foi arquivado em definitivo, conforme disposto
no Regimento Interno do Senado Federal, em seu artigo 332, § 1º. O
Projeto de Lei 311/2018, tinha como objetivo “Alterar a Lei nº 13.146,
de 6 de julho de 2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência), para incluir as dificuldades de comunicação e expressão
no rol dos impedimentos que caracterizam uma pessoa com deficiência”.
Esse arquivamento, conforme as normas do Regimento Interno do Senado,
ocorre ao final da legislatura seguinte à apresentação do projeto,
caso a tramitação não tenha sido concluída. O PLS 311/2018 foi
apresentado em junho de 2018 e, com o término da legislatura em
dezembro daquele ano, passou a ser parte da nova legislatura que
começou em fevereiro de 2019. Para evitar o arquivamento definitivo,
seria necessário que um Senador solicitasse o desarquivamento,
acompanhado do apoio de outros 27 senadores,
Apesar da decisão do Senado, a Abragagueira continua a atuar nas
esferas municipal, estadual e federal, elaborando, apresentando e
promovendo a aprovação de projetos de lei que garantem dignidade,
respeito e direitos, incluindo melhor acesso a tratamentos  para todas
as pessoas que gaguejam em todo o Brasil.
“A gagueira não é apenas uma questão individual, mas uma questão
social que precisa ser abordada por meio de políticas públicas.
Garantir que cada indivíduo tenha acesso ao apoio e tratamento
necessário é fundamental para promover a inclusão e melhorar a
qualidade de vida”, destaca a Dra. Cristiane.

Sobre a Dra. Cristiane Romano:

Especialista em comunicação, com mestrado e doutorado em
Expressividade pela USP.
Pós-graduada em Voz pelo CEFAC – BH e em Gestão Estratégica de
Marketing pela PUC Minas.
Formada em Business and Executive Coaching pela University of Ohio – EUA.
Autor de diversos artigos científicos nacionais e internacionais.
Ao longo de sua carreira, a Dra. Cristiane têm capacitado
profissionais, ajudando-os a aprimorar suas habilidades comunicativas
e, assim, aumentar sua influência e persuasão em diversos contextos.

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